domingo, 25 de julho de 2010

O tempo da gravidez




Hoje vamos começar a série "Falando sobre as nossas mudanças", em que as pessoas cederão textos seus para contribuir com as reflexões sobre o tema de nosso blog. Conto hoje com a participação da minha querida amiga Carol que tem um blog muito interessante chamado "Enquanto Esperamos". Abaixo está um texto deste blog cedido por ela relacionado a temática de nosso blog sobre mudanças, especificamente relacionado à questão da maternidade.

O tempo da gravidez

Uma das grandes mudanças em minha vida durante a gravidez foi o tempo. Acostumada a viver em ritmo acelerado, tive que ir reduzindo para me adaptar aos limites de meu novo corpo. Isso não ocorreu facilmente, foi uma luta intensa e interna, entre a velha Carol (ansiosa pela independência) e a nova Carol. A novidade de estar grávida impõe um ritmo de espera, lenta e cautelosa, que deve ser aproveitada para que, aos poucos, a idéia tome forma e o coração entenda o que está por vir. Assim, fui abrindo mão, relutante, de objetivos que pareciam urgentes, de necessidades que pareciam inevitáveis. Mudei de casa, de estado civil, desviei um tanto meu caminho profissional. Aprendi a amar alguém que ainda nem conhecia, e a apreciar ainda mais o grande amor de minha vida. Sofri por deixar passar oportunidades profissionais e por adiar sonhos tão almejados. Mas, hoje, entendo que este é o tempo de uma nova vida. É necessário ter paciência, deixar que venha a barriga, as estrias, as dores, o cansaço... mas, também, a alegria, o prazer, a conquista de uma família unida e harmoniosa.

Há muitas expectativas sobre as mudanças da grávida, muitas pessoas querem participar desse período único. Mas, ninguém pode ensinar ou até mesmo impor a ela o novo ritmo, o novo tempo. Porque ele não se refere apenas ao amadurecimento do feto e ao crescimento da barriga, mas a uma nova identidade que nasce gradualmente, sob os efeitos dos hormônios, das emoções e da história de vida de cada mulher. Para algumas, a mudança é natural e sem traumas. Mas, para outras, há muito do que se abrir mão e muito do que se entregar. Não ser exigente consigo mesma, respirar fundo a cada susto, ler e ler bastante, conversar, chorar quando der vontade, se alimentar, admirar as pequenas coisas do dia-dia são estratégias para encarar com prazer o tempo dessa maravilhosa espera.

Carolina Pombo
http://enquanto-esperamos.blogspot.com

(2a. foto: Carol grávida, tirada por Júlia Pombo, 2009)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O silêncio

Silêncio (Vinicíus de Moraes, apenas um trecho)

é o amor que te fala
É o amor que se cala
E que despetala
A flor do silêncio


Diante da grande mudança que já acontecia sem saber, o silêncio.
O silêncio para poder se acostumar, para poder acreditar,
para poder respirar fundo e aceitar a espera,
e deixar que a mudança siga seu curso.

O silêncio
para poder esperar as palavras que virão.

Esperar o tempo.
Esperar o curso do rio.
Esperar a vida, com toda sua beleza a mistério.