domingo, 16 de dezembro de 2012

A mudança do fim

Daqui a cinco dias, será 21 de dezembro de 2012. Uma data que tem sido muito citada nos últimos tempos como possível data do fim do mundo, pelo fato do calendário maia terminar nesse dia.

Mas esse temor e essa especulação do fim do mundo parece que há muito tempo tem estado presente no imaginário da humanidade. Por que será essa preocupação toda com um fim coletivo da humanidade?

Há um tempo atrás ouvi de dois professores de filosofia: "essa histeria pelo fim do mundo tem relação com um grande temor do ser humano - morrer sozinho". Será que esse tema do fim do mundo atrai tantas multidões porque seria uma forma diferente de fim - um fim coletivo e não individual?

O absurdo do fim. É, um belo dia, a gente descobre que nós também teremos um fim, assim como terão aqueles que amamos. Corremos todos o risco de desaparecer, de cair no esquecimento, de voltar ao pó do qual viemos.

E talvez esse seja a fonte de angústia maior: o fim solitário. Cada um morre sozinho, de forma peculiar. Mas a morte vem para todos: branco, negro, amarelo, rico, pobre, doente, saudável, famoso, anônimo. Por mais que ela venha de forma particular, todos um dia a experimentarão, ou deixarão de experimentar a vida. De repente, o último suspiro. O fim.

Pesquisadores estudiosos do povo antigo maia afirmam que eles não falavam em fim do mundo, mas acreditavam em ciclos, em declínios e recomeços. Para o povo maia, apenas o calendário terminava em 21 de dezembro deste ano, mas outro viria, numa nova contagem cronológica.

Afinal, o fim pode dar abertura pro começo. O fim de um ciclo. Aceitar a finitude pode nos dar coragem para nos lançar mais na vida, para buscar o sentido para nossa existência. Como no excelente filme: "O conto chinês", há formas diferentes de lidar com o fim: paralisar na dor ou sair em busca de sentido.

O filme "Melancolia" mostra "o tombo antes da queda"; diante da possibilidade do fim, a queda numa vida sem sentido, imersa na depressão. Já "O conto chinês" nos aponta uma janela diante dessa constatação da mortalidade de todos nós: deixar a paralisia da dor e tomar coragem para ir de encontro ao outro, para criar laço. Afirmar o sentido pode ser a própria busca de sentido, a busca da troca, de reconhecer o outro, de fazer vínculo. Não posso fazer sua dor sumir, mas posso te acompanhar no enfrentamento dela.

O desamparo, as dores, as perdas, as mudanças também ocorrem para o outro, podemos compartilhar nossas dores, assim como compartilhar boas risadas. Podemos deixar o drama da lamentação e assumir nossa condição trágica de ser humano, acolhendo a leveza de rir de nós mesmos. Como diz a frase: "Não leve a vida tão a sério. Você não vai sair vivo dela mesmo."

Que a constatação do irremediável da morte nos dê coragem pra vida, que a mudança do fim seja o início do novo. Que possamos suportar o fim para começar, de novo, a gigantesca novidade da vida. E que quando o fim chegar, possamos ter sentido vida no tempo vivido e não morte em vida, que é a pior das mortes. Viver enquanto há vida, abraçar a vida mesmo quando ela nos machuca com seus espinhos.

"Corro perigo
Como toda pessoa que vive
E a única coisa que me espera
É exatamente o inesperado."
(Clarice Lispector)

"Justo quando a lagarta pensou que o mundo tinha acabado, ela virou uma linda borboleta" (Lamartine)

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Lei do Pêndulo

Quanto maior a escuridão, maior a luz que vem em seguida.

Podemos refletir: quais foram os momentos em que nos sentimos mais felizes? Será que não foram aqueles que se seguiram a grandes dificuldades vivenciadas?

A felicidade não é constante para o ser humano, não está presente o tempo todo, o que há na vida são momentos, ora momentos de tristeza, ora de alegria. E para poder vivenciar momentos felizes, precisamos saber o que são momentos tristes.

Viemos nessa bipolaridade: noite/dia, luz/escuridão, inquietação/paz, alegria/ tristeza. Um não existiria sem seu oposto, a presença do oposto realça o significado do vivenciado.

A vida muda, segue a lei do pêndulo: ora estamos lá em cima, ora lá embaixo. Ora estamos em dificuldades, ora em júbilo. Pode ser clichê, mas é como diz o ditado: "A vida dá voltas". Será que algum dia conseguiremos não nos identificamos com um momento específico da vida (seja com a euforia, ou com o desânimo, por exemplo), e alcançarmos uma serenidade que nos aquiete?

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Mudando pequenos pedaços

Tem hora que as coisas estão bagunçadas... e temos que dar uma arrumada nos papéis, livros, lembranças. Mudar pequenos pedaços de objetos que gritam por todos os lados a pessoa que já fomos, que tentamos ser ou que éramos diante do sonho do futuro.

sábado, 6 de outubro de 2012

Fazer 30 anos

(Texto de Affonso Romano de Sant'Anna)


QUATRO pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer 30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave.

Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Desejo, Dor, Graça e Flor: insistindo na Vida




Outro dia, numa conversa com meu marido, perguntei:

- O que aconteceram com as flores do hibisco do nosso jardim? Ele costuma estar sempre florido e há muitos dias não está dando flores.

- É que ele está se preparando para o florescimento da primavera - respondeu ele.

E isso me fez pensar.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Angústia e Mudança

Inquietação e angústia...

Nova página em branco depois de ter escrito quase tudo!
Que medo! Começar de novo, se ver diante do vazio, do branco.

Há situações que nos provocam tensão, inquietação, angústia, estresse, cansaço, que nos "obrigam" a fazer novos arranjos e nos impulsionam
a buscar mudanças em nossa vida.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Celebrando o Dia dos Namorados

Amar é uma grande mudança...
traz desafios, surpresas, alegrias...

domingo, 10 de junho de 2012

Perder e Criar

Às vezes nos sentimos tão cansados...
Mais uma vez, dar adeus a uma pessoa querida...
Mais uma vez, começar algo novo, que demanda energia e investimento...
Mais uma vez, uma frustração que angustia, a qual ainda não nos acostumamos...
Mais uma vez, uma tentativa fracassada de mudar um mau hábito...
Mais uma vez, a busca de enfrentar as tristezas que nos habitam para tentar mudar repetições automáticas...
Uff! Como nos exige o fato de estarmos vivos!

domingo, 22 de abril de 2012

Por que Mudar é tão difícil?

Uma das capas da ótima revista Vida Simples vem com o título acima. E a reportagem vem com a chamada: "Mudança de hábito - Por que, afinal, alterar os padrões do nosso comportamento pode ser tão desafiador?"

A reportagem começa indagando quem de nós não teria tentado mudar algum hábito ou fazer algo novo e não tenha encontrado dificuldade, devido a nossa tendência de repetir as mesmas coisas, o mesmo padrão.

sábado, 31 de março de 2012

Ritual e Mudança

Será que os rituais que a sociedade nos oferece nos ajuda a superar as fases de mudanças, de transição (como nascimento, passagem da infancia para puberdade, passagem da adolescencia para a vida adulta, casamento, morte) ou nos aprisiona num modo rígido de vivenciar novas experiências?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Mudança do Primeiro Ano como Mãe

Quando nosso filho completa um ano, podemos dizer que nós mães também estamos completando um ano, só que um ano de vida como mãe.

É claro que a mãe que somos é influenciada pelos sonhos que já nutrimos em um dia ser mãe, pelas expectativas que criamos quando fortalecemos o relacionamento com um grande amor, quando sonhamos juntos em ter um filho, quando engravidamos e tentamos nos preparar para a grande mudança que está por vir.

Mas a gravidez é um outro tipo de mudança que a maternidade que nasce quando nasce um bebê. Na gravidez de alguma forma a mãe e o bebê estão protegidos, o corpo da mãe se encarrega de cuidar do bebê de forma quase automática, natural, o bebê se encarrega de ter todas as suas satisfações atendidas na água quentinha do líquido amniótico. Que paraíso!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A Mudança Pós-formatura

Hoje fazem 5 anos que nos formamos, data da nossa colação de grau. Como estávamos naquela época? Quase podemos sentir aquele mesmo frio na barriga, aquela mistura inusitada de alegria e tristeza...

A implacável sensação de que nada seria como antes, a expectativa de estar a poucos passos de se atirar num abismo cheio de mistério cujo único vislumbre é de um imenso ponto de interrogação. O caminho ia se construir ao caminhar.

Como seria? Arrumaríamos emprego? Conseguiríamos ser bons profissionais? Daríamos conta do recado? Daríamos conta do grande desafio que é cuidar do outro? Manteríamos contato com os grandes amigos que fizemos ao longo da vida universitária?