quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Importância da Despedida


No começo do novo trabalho ao qual me aventurei neste ano, fiquei mais próxima de uma colega de trabalho. Chegávamos juntas ao trabalho, e iamos embora também. Compartilhamos descobertas, conquistas e dificuldades do início da vida profissional, ansiedade e expectativa com o novo emprego. Aos poucos, fomos nos adaptando à nova mudança.

E chegou a hora de minha amiga partir, agora para outro emprego. E essa mudança não foi só para ela, mas para mim que não teria mais sua companhia diária, seu sorriso doce e acolhedor.

E fiquei um pouco triste inicialmente. Lembrei de outro emprego que tive, em que logo que comecei, fiz duas amigas, e no mês seguinte elas também partiram para outros rumos. No ano passado, também fiquei triste ao saber que uma amiga tinha saído do emprego que eu também trabalhava. Contudo, todas partiram para coisas melhores, e isso também me deixa feliz por vê-las em busca de mudanças melhores, e até me inspira para essa luta também.

Em situações novas, gostamos de ter outras pessoas por perto, nos sentimos mais seguras ao poder falar da nossa mudança já que o outro também está enfrentando algo parecido. Muitas vezes nos sentimos até mais fortalecidos por ter com quem compartilhar. Podemos pensar que é muito reconfortante poder compartilhar mudanças, perceber que elas são difícies para outras pessoas também, e que aos poucos vamos entrando no ritmo das mudanças que se apresentam às nossas vidas. Mudanças nos fazem conhecer novas pessoas, ver outras formas de conviver, de relacionar-se, nos propiciam crescimento emocional.

E eu sabia que essa mudança era diferente das anteriores. O momento é outro, as pessoas são outras, o lugar é outro, e eu também mudei.

E então, não me paralisei na tristeza, mas pensei em fazer algo para mostrar para essa amiga o quanto ela tinha sido importante. Desse vez, eu teria tempo de me despedir, um presente que a vida me deu, já que das outras vezes, fiquei sabendo depois que minhas amigas partiram. Conversei com outros colegas de trabalho, e escrevemos mensagens na cartolina para ela, e a cartolina foi entregue junto com um belo vasinho de flores.

E como eu senti que mudou o sentimento dentro de mim. A tristeza foi embora, senti um alívio e percebi que não tinha que chorar pelo fato dela ir embora, mas sorrir pelo fato de tê-la conhecido, de termos passado bons momentos juntas.

Percebi também a importância da gente poder dizer "até logo", "boa sorte", e de olhar de outra forma para perda, já que talvez nem podemos chamar de uma perda, apenas de mudança. O que se recebeu do outro não se perde, levamos conosco, dentro de nosso coração. Assim como o que doamos, não perdemos. Afinal, como já era dito no livro do Pequeno Príncipe, somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. E nossos contatos aumentam, e sempre teremos a possibilidade de nos comunicar, telefone, e-mail, visitas, etc.

E o período de adaptação está se consolidando. E há outras pessoas ao redor com quem podemos compartilhar e novas pessoas chegando também. Esse é o trem da vida, onde há as partidas, assim como as chegadas.

CANÇÃO DA AMÉRICA
(Fernando Brant e Milton Nascimento)

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

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