sábado, 28 de agosto de 2010

Despedidas



Nessa semana, tive que me despedir de mais uma pessoa muito querida em minha vida.Alguém que aprendi a admirar, por toda força e ternura com que tratava os usuários de saúde e os colegas de trabalho.

Fiquei triste em alguns momentos, tive três semanas pra me preparar pra essa despedida. Lembrei o quanto há encontros e despedidas na vida; às vezes, nós é que vamos embora, outras vezes, vão pessoas queridas, cada um em busca de seguir seu caminho, realizar suas escolhas. Ora vamos sem nos despedir; ora vamos após muitas despedidas. E se despedir tem lá sua importância, poder dizer tudo (ou quase tudo) o que queremos dizer. Poder celebrar a vida, e a graça de ter conhecido alguém que cativamos e que nos cativou.

Partir, ver outras pessoas partindo é difícil, dói, nos faz lembrar de outras partidas, outras despedidas. Contudo, a partida é necessária muitas vezes, para que possamos ir em busca de novas conquistas, desbravar novos mundos (tanto internos quanto externos). Chegar a novas etapas, construir novas relações, amadurecer. E não deixar de sentir saudades, e não deixar de viver, de se mover, e de poder lembrar de bons momentos e de dificuldades superadas. Poder voltar e rever pessoas queridas, poder traçar novos planos e lutar pela realização deles.

Sair da escuridão e ir para luz. Sair da ilusão e ir para a realidade. Sair do conforto para ir para a descoberta de dificuldades, que vem junto com o pacote do encontro com fragilidades e forças. Sair do conhecido e enfrentar o desconhecido, sair da proteção e enfrentar a batalha de ser adulto e de ter que traçar seu próprio caminho.

Podemos pensar que a vida é esse constante movimento de encontrar e de despedir. Damos adeus ao primeiro trimestre da gestação, que era um dos momentos mais delicados de nossa existência e seguimos rumo ao crescimento de nosso ser. Saimos da proteção do ventre materno e nascemos. Da dependência absoluta do bebê quanto à mãe, vamos para dependência relativa, descobrindo mais o mundo ao nosso redor. Caminhamos rumo à independência (Winnicott - e nunca a atingimos totalmente), nos despedimos da infância, rumo à adolescência...

Adeus adolescência, que venha a vida adulta. Adeus vida de estudante para vida profissional. Saindo da vida de solteira para vida de casada, adeus família de origem, seja bem-vinda família constituída. Adeus vida apenas de "filha", que venha a maternidade. Adeus vida apenas de "mãe", que venha vida de avó. Adeus vida adulta, que venha a maturidade e velhice. Da vida de trabalho para a vida de aposentado. Filhos crescidos que foram para o mundo. E da velhice, nos dirigimos para a morte. A trajetória de quase todo o humano que caminha na face da terra.

E em todo esse processo de mudanças de fases, nos encontramos com muitas pessoas, e nos despedimos de tantas outras. Uns chegam, outros partem. Mas é como dizem, "sempre levam um pouco de nós, e deixam um pouco de si..."

Encontros e Despedidas
(M. Nascimento E F. Brant)

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

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