terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Palhaço


Outro dia vi um delicado filme nacional chamado "O Palhaço" dirigido e produzido pelo Selton Mello, que também é o ator principal do filme.

A história do filme é sobre um palhaço que entra em crise com seu trabalho
e busca mudanças. "Eu faço todos rirem, mas quem me fará rir?" A singela história tem um profundidade existencial, afinal, como já disse Rubem Alves, as coisas mais simples são as mais profundas. Lembrei agora de uma linda letra de Oswaldo Montenegro chamado "Metade" em que um trecho diz:


"Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
"

Não tem como não se identificar com a insatisfação do personagem, insatisfação essa que permeia a existência humana. Em alguns momentos de nosso percurso, muitos de nós questionam se fizeram a escolha certa, se queremos manter nossa escolha. Seja em que esfera for.

Mas, como me disse uma querida amiga, podemos, ao longo de nosso amadurecimento, perder a ingenuidade, mas não perder o encanto...
Será que aquilo que escolhemos ainda nos encanta?

Saí feliz do cinema após a suavidade do filme ter me tocado...

Para terminar, um poema de Drummond, o grande poeta que ontem completaria 109 anos se estivesse vivo:

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.


Carlos Drummond de Andrade

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