Mudanças

Resolvi escrever esse blog após ter lido blogs interessantes, inclusive o blog de uma querida amiga. Com esse blog, quis me expressar de uma nova forma no mundo (mais uma mudança!), apesar dessa exposição virtual que, confesso, me assusta um pouco.

Por que: "Enquanto mudamos"? Enquanto mudamos, crescemos, caimos, levantamos, sofremos, choramos, rimos, vivemos... E como é bom compartilhar experiências vividas, não acha? Pretendo então falar sobre "mudanças" nesse blog, já que nos últimos anos de minha vida tenho sentido na pele frequentes mudanças.




Até os 19 anos, tive muitas coisas estáveis na minha vida, mas desde essa idade venho me deparado com profundas transformações na minha concepção de vida, de mundo, de mim mesma.

Tive a estabilidade de cursar uma faculdade durante 5 anos, apesar de nesse período já me defrontar com muitas mudanças (de casa, de ideais, de relação com as pessoas, etc.). A faculdade me apresentou novos mundos, novas pessoas, novas formas de encarar a realidade e de modificá-la, e é inevitável que muitas coisas quebrassem dentro de mim... e então, eu tive que lidar com tantas mudanças que interferiam no meu jeito de ser e de olhar o mundo. Ainda mais quando nos deparamos com o conhecimento da Psicanálise, estudando, atuando, clinicando, nos abrimos a mudanças que vão refletir em nossas escolhas na vida. E sempre somos responsáveis - temos a responsabilidade (dita por um querido professor psicanalista como a habilidade de dar resposta) diante de tudo que nos acontece.

Posso dizer que o último ano da faculdade foi o primeiro ponto de partida para a fase em que ainda me considero estar, pois foi quando vislumbrei o futuro como um grande ponto de interrogação. Eu me vi diante de um futuro inesperado, cheio de expectativas minhas e dos outros, sem saber se, quando e como aconteceriam os planos que almejava. É claro que esse desamparo e essas expectativas sempre estiveram presentes durante toda a jornada, só que emergiram com toda sua força nessa época. Era, enfim, a vida adulta chegando toda apressada, atropelando tudo, sem pedir licença.

Fui então me atirando a mudanças que me fizeram crescer muito, não sem dores, evidentemente. Já dizia Fernando Pessoa que "navegar é preciso", vejo que "mudar é preciso", mudanças são necessárias. Afinal desde que somos concebidos temos que mudar para sobreviver e viver, vamos nos desenvolvendo, nascemos, crescemos, amadurecemos, casamos, trabalhamos, mudamos... E lá no fim do caminho, vamos encontrar outra forma de mudança: a morte. Outro dia soube de uma reflexão de Jung sobre a morte: "Desde que nascemos, morremos um pouco a cada instante. O dia da morte de nosso corpo físico será apenas o momento em que deixaremos de morrer."

A psicanálise de Freud e de Lacan também reflete sobre a morte, dizendo que a vida é apenas uma forma de contornar, de desviar por um tempo a morte. Todavia, o que iremos encontrar lá na frente é a morte, não tem escapatória. E não dizem que a morte é a única certeza que temos, já que estamos nessa vida de tantas mudanças e surpresas?

Por que falei da morte? Sinto que a vida o tempo todo implica em pequenas mortes. Vida e morte andam lado a lado e misturadas. Ao conhecer novas pessoas, novas coisas, novos conhecimentos, novos lugares, também vamos morremos, inclusive e, sobretudo, quando navegamos no auto-conhecimento.

Convido você para embarcar comigo nessa jornada, jornada de vida e de morte, de estabilidades e de mudanças, de reflexões e questionamentos, de partidas e chegadas. Enfim, falaremos um pouco sobre o que ocorre nesse nosso caminhar chamado existência - onde mudanças são inevitáveis e mexem fundo com o que somos.

"Quando a lagarta achou que o mundo tinha acabado, ela virou uma borboleta." Rubem Alves

(*Foto: jardim de hortência, em Visconde do Mauá - RJ*)