É interessante como essa blogsfera nos propicia tanta coisa positiva: refletir sobre temas importantes, buscar informações, conhecer experiências enriquecedoras de outras pessoas, dentre outras coisas.
Em termos pessoais, pode ser uma forma de utilizar a escrita para dar uma forma às nossas angústias, dificuldades, alegrias, conquistas. Tentar elaborar as tantas mudanças que nos acontecem no dia-a-dia e que nos fazem pensar sobre nossa existência.
Dando uma olhada geral no meu blog até agora, percebo que posso fazer uma revisão do meu ano apenas relendo os textos escritos. Sempre gostei de escrever para pensar na minha vida, acho que desde que era adolescente, e neste ano tive a chance de compartilhar com outras pessoas meus pensamentos e experiências por meio desse blog. Tento, talvez às vezes sem tanto sucesso, escrever de formas gerais para que outras pessoas possam se identificar com minhas vivências, para que não fique uma coisa apenas pessoal. Afinal, mudanças ocorrem na vida de todos nós, apesar de cada ser apreender a mudança de sua forma própria.
Nos últimos anos, vivi um turbilhão de mudanças que mexeram profundamente com meu ser e me fizeram adentrar em muitos questionamentos, buscas, encontros e desencontros. Assustei-me ao ver o quanto a vida pode ser surpreendente e nos levar para caminhos não planejados, mas que nem por isso deixam de ter sua beleza, a beleza do imprevisto, da mudança. Acredito que é importante a gente deixar uma abertura ao inesperado da vida, deixar as coisas simplesmente fluirem, apesar de mantermos nossas metas que nos apontam a direção que queremos seguir (metas essas que não precisam ser fixas, mas ter uma mobilidade que caracteriza a arte de viver).
Mudanças nos trazem a consciência de nossa fragilidade, vulnerabilidade e sobretudo, finitude, situações inerentes à toda humanidade. Vida e morte andam lado a lado, perdas e ganhos vão deixando suas marcas no caminho de nossa vida. Mudamos desde o princípio de nossas vidas, e vamos passar por diversas mudanças ao longo de toda a vida, atravessando diferentes etapas, assim como pessoas queridas a nós, ou desconhecidas.
Relações humanas, relações amorosas, familiares, de amizade, vão também mudando com o tempo. Vamos percebendo o quanto é importante termos momentos só nossos, em que possamos refletir sobre como anda nossa vida, enquanto em outras situações podemos aproveitar melhor a presença de outras pessoas, as trocas enriquecedoras que dão um colorido especial à vida.
A cultura muda ao longo da tempo, a sociedade, e podemos contribuir para essas mudanças, a partir das mudanças cotidianas que realizamos em nossas vidas. Contudo, vemos que, muitas vezes, para sermos sujeitos, temos que nos diferenciar significativamente do ambiente ao nosso redor, temos que remar contra a corrente, deixar de "seguir o rebanho", para buscar uma existência autência, que nos preencha de sentido, significado e propósito, que só nos podemos construir, de forma original, para nossa existência humana.
Temos que aceitar a necessidade de mudar de etapas ao longo da vida, aceitar que tudo é passageiro e transitório e que temos a responsabilidade de fazer nossas escolhas e ver no que vai dar. Persistência e paciência são fundamentais nessa aceitação do que é a vida, aceitar o tempo de espera, de adaptação, de fases, que são parte do pacote da existência. Assim como encontros, reencontros e despedidas de nossos laços afetivos, de lugares, pessoas e fases preciosas que se vão, não sem deixar saudades e deixar a certeza de que valeu a pena todo o vivido.
Agradeço à vida por ter me acrescentado duas grandes mudanças em minha vida neste ano: mudança de emprego, e, em especial, a grande mudança da gravidez.
Para terminar, uma linda música de Jorge Vercilo que fala um pouco da nossa necessidade de voar, apesar das grades que nos prendem e do medo de arriscar, de voar, de mudar...
Que neste ano de 2011, tenhamos mais coragem para nos entregar às mudanças necessárias da vida, para mudar nosso interior em busca de uma vida com mais significado e propósito, com mais qualidade de vida, e mais liberdade - para podermos ser o que temos que ser devemos abandonar o que somos: mudar...
Asas Cortadas (Jorge Vercilo/ Jota Maranhão)
Eu, pássaro perdido
Que avoou sem medo
Quando era menino
Sério, eu chego a me lembrar
e logo chega o mundo
Pra intimidar
Eles gritam e conseguem me assustar
Eu me sinto gaivota sobre o mar
Que afundou as asas nas manchas de óleo ao mergulhar
E agora não consegue mais voar
Um dia eu vou voar
Sei, sei tudo que posso
Mas vem essa lei
e impõe o ócio
quem tem um olho é rei
Se eu desafiar, incomodarei
Vez em quando bate um vento por aqui
Abro as minhas asas pra tentar subir
Mas com tanto tempo preso a essas grades, me esqueci
E agora tenho medo de cair
Tiê,
Venha das alturas me salvar
No maciço da Tijuca pousará
Onde as nuvens se debruçam
E eu não canso de esperar
Sua liberdade me libertará
Abra as suas asas
Vai sem medo, vai
Vai ganhar o céu
Quem provou da liberdade
não terminará
Preso as próprias grades
Um dia eu vou voar
Eu já vivi no ar
Vem me ver voar
Vem me ver voar
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