sábado, 27 de agosto de 2011

A mudança de ter um bebê

Ter um bebê é uma gigantesca mudança. Mesmo após 9 meses de gestação, muita surpresa virá após nascer aquele ser tão precioso para a mãe, para o pai, para a toda família. Mesmo o bebê tendo sido planejado, esperado, acolhido, desejado, não deixa de haver grandes surpresas com sua vinda ao mundo, agora fora do ventre materno.


O parto já é um grande corte. O bebê, e porque não dizer também a mãe, saem da proteção da gravidez e caem na real. Uff! Uauu! Nossa! Bem-vindo ao mundo: bebê, mãe, pai e nova família!

Ter um bebê nos braços logo após o nascimento desperta emoções e sensações indescritíveis e talvez nunca antes experimentadas. Uma emoção que inunda e transborda, que faz sorrir e faz chorar, que dá coragem e medo. Uma sensação de força e fragilidade ao mesmo tempo - o paradoxo da vida presente em todos os momentos.

A mãe no começo, e talvez o bebê também, sintam uma imensa saudade do estado anterior. Uma vontade animal de intimidade, de retomar ou recriar laços, de proximidade. A amamentação aproxima o par familiar que agora está criando um novo tipo de relação, e pode ocorrer inicialmente tão fácil que surpreende a mãe de primeira viagem: o bebê vem ao seu colo e suga o seio! Que espertinho!

Após passar por um trabalho de parto e ter o filho de forma normal, a sensação de estar embriagada de ocitocina (o hormonio do amor que inunda a mulher após o parto) e embrigada de uma grande mudança inesperada mesmo sendo tão esperada - a complexidade da vida humana da qual não há como escapar.

A saída da maternidade com um bebê no colo... Que grande mudança! Você entra de um jeito, e sai de outro modo muito diferente! Com um novo membro familiar, agora separado da proteção de seu corpo mas podendo ainda sim ser protegido com tanto amor! O começo do grande desafio da maternidade. E que desafio! E a aventura está apenas no começo.

A sensação de cansaço no começo é marcante. Um cansaço diferente, um cansaço físico e emocional que toma o casal, que pode se sentir com sono, como se tivesse numa regressão emocional, identificados com o recém-nascido. Principalmente a mãe se depara com uma sensação de vulnerabilidade, talvez pela identificação com o bebê que está no período mais frágil de sua vida, um estado especial em que precisa de delicadeza, compreensão e apoio empático, sem crítica ou julgamento.

A vontade de ficar em silêncio com a cria e com o cônjuge, de ter ajuda nos afazeres domésticos, nos cuidados com as roupinhas do bebê. De ter menos palpites o possível para poder criar o seu próprio jeito de ser mãe, pai, de ser família. Direito de poder adiar as visitas para passar pelo desejo de recolhimento que vem com a grande mudança de ter um baby em casa, de ter tempo para se adaptar a essa mudança.

Há pessoas que não compreendem bem nosso estado de especial de sensibilidade quando nos tornamos mães. Há os que se incomodam por tomarmos atitudes diferentes dos pais que eles foram. Há os que se incomodam por não sermos passivos e querermos estar ativos e no controle do cuidado com nossos filhos desde o inicío de sua vida.

Há os que se incomodam por ter que esperar para visitar. Acredito que pais e irmãos do novo pai e da nova mãe podem conhecer logo o recém-nascido, respeitando ele a família, já que estão se tornando avós e tios e farão parte importante da vida da criança. Contudo, amigos, parentes mais afastados e, sobretudo, conhecidos podem esperar, afinal, apesar de muitos tratarem-no como tal, o bebê não é atração turística e tem que ser respeitado, assim como a mãe e o pai precisam de respeito pois precisam de tempo para aprenderem a construir a relação com seu filho, para lidarem com ele de seu jeito próprio.

Necessidade de silêncio, de delicadeza, respeito, apoio, já que sentimentos fortes podem aparecer, medos, vontade de proteger o filho, de cuidá-lo do seu jeito, de espaço para serem naturais e aprenderem a exercer a enorme responsabilidade e beleza que é a mudança de ter um filho, de ir se tornando um pai, uma mãe, uma família.

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