sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Como preparar o filho para a vida?

A revista crescer apresentou uma de suas capas mais instingantes: "Como preparar seu filho para a vida" - um desejo que muitos pais devem nutrir em sua mente, talvez até mesmo antes de conceberem seus filhos.

Como preparar nossos filhos para a vida? Como preparar nossos filhos para as mudanças que eles terão que enfrentar ao longo de seu crescimento e desenvolvimento? Como prepará-los para lidar com as frustrações que serão inevitáveis em alguns pontos de seu percurso enquanto pessoa humana?


Podemos pensar que desde antes do nascimento, podemos estar contribuindo para essa pessoinha que será tão importante para nós, pois estaremos preparando um terreno fértil para aquela vida germinar. Será que os pais se prepararem para acolher aquela vida já não pode ser um caminho positivo para começar a prepará-lo para a vida?

Um indicador importante pode ser o fortalecimento da relação do casal antes de decidirem por terem um filho. O casal pode lutar para superar as dificuldades que surgem no dia-a-dia quanto ao relacionamento deles, construir uma harmonia possível, que misture boas doses de bom humor, tolerância, compreensão, autoconhecimento, e, é claro, a muito amor.

O amadurecimento de cada um dos membros do casal ao superar dificuldades pessoais e interpessoais também pode ser decisivo para fazer essa escolha de ter filhos. Sabemos que, com as mudanças culturais, hoje não há "obrigação" de ter filhos, e muitos fazem a escolha de não ter, e têm que ser respeitados. E que quem escolha ter filho, tendo planejado ou não, se aproprie dessa escolha e busque refletir sobre como lidar com essa grande mudança e tomar atitudes condizentes com suas reflexões e desejos. E ir pensando sobre como preparar seu filho para a vida já pode ser o primeiro passo.

estudos que apontam que uma concepção consciente, uma gravidez voltada para a busca de um equilíbrio emocional, um parto normal, uma educação consciente durante os três primeiros anos da criança pode trazer significativos benefícios para o novo ser que já chegará ao mundo permeado de amor e podendo se desenvolver se sentindo mais seguro de si, e talvez mais fortalecido para lidar com as grandes mudanças que virão ao longo da vida. Não há garantia de que alcançaremos esse propósito, visto que estamos imersos nesse mar imprevisível chamado vida humana, mas o que for possível ser feito - sem culpa pelo que não foi possível - por nossos filhos, os ganhos podem ser imensuráveis. Podemos refletir que o essencial é sermos fiéis a nós mesmos e a nossas escolhas, buscar informações e confiar na intuição singular de cada mãe, cada pai, cada casal parental.

Podemos refletir que a palavra é um elemento fundamental na constituição do sujeito humano. O quanto antes pudermos conversar com nossos filhos enquanto pessoas que entendem e que são respeitadas, desde bebês (até mesmo dentro do ventre materno), talvez fique mais fácil para eles sentirem o quanto são amados e que fazem parte da comunidade humana. Especialistas sugerem que durante a gravidez a mãe escreva um diário conversando com seu filho, o que pode fortalecer o vínculo entre mãe e bebê e se tornar um importante instrumento para a mãe se empoderar desse momento especial que vive e ir fortalecendo o vínculo com seu bebê.

A reportagem da "Crescer" ressalta que além de buscar um bom desempenho na escola, os filhos precisam aprender a lidar com os próprios sentimentos, ou seja, desenvolver a capacidade de aceitar, entender, lidar com as emoções. É a tão falada inteligência emocional, e a revista aponta habilidades emocionais que os pais podem auxiliar os filhos a desenvolverem:

- A AUTOCONFIANÇA
- A PACIÊNCIA
- A CORAGEM
- A TOLERÂNCIA
- A PERSISTÊNCIA
- O CONTROLE DOS IMPULSOS
- O AUTOCONHECIMENTO
- A EMPATIA
- A COMUNICAÇÃO
- A RESISTÊNCIA ÀS FRUSTRAÇÕES.

Todo esse importante aprendizado poderá ser passado de pai para filho, desde o primeiro dia de vida, até mesmo sem os pais perceberem. É como cada choro é encarado pelos pais, como é explicada e como é mantida cada decisão, como se lida quando o filho fica triste ou magoado. Passar por dificuldades vai ajudar o filho a se preparar para lidar com outras adversidades que virão ao longo da vida.

O equilíbrio emocional está relacionado com o desenvolvimento das habilidades intelectuais, afinal ambos (emoções e intelecto) caminham lado a lado. Ensinar as crianças a aceitarem o limite, mesmo que ainda não entendam, fornecer coerência e constância na educação dos filhos, os pais tentarem manter a calma diante de situações difíceis como uma birra podem ser indicadores de busca desse equilíbrio emocional.

A reportagem cita as idéias do psicólogo norte-americano John Gottman que fala das etapas para os pais ajudarem os filhos a prepararem suas emoções:
- Perceber as emoções da criança.
- Reconhecer na emoção uma oportunidade de intimidade ou aprendizado.
- Ouvir com empatia, legitimando seus sentimentos.
- Ajudá-la encontrar as palavras para identificar a emoção que está sentindo.
- Impor limites e ao mesmo tempo explorar estratégias para a solução do problema em questão.

Uma fala de Gottman dita pela revista: "É como os pais se relacionam com as emoções das crianças que determina o desenvolvimento emocional delas. Os pais têm que estar disponíveis emocionalmente, respeitar as crianças e responder a elas com empatia e compreensão." Isso desde o nascimento, as respostas que os pais dão ao comportamento do bebê vão modulando a troca afetiva e relacional entre ambos, o desenvolvimento emocional da criança e de todo nós enquanto sujeitos só se dá enquanto na relação com o outro. Assim nos constituímos. Que os pais busquem estar preparados para poderem ajudar os filhos a se prepararem para a vida e para as grandes mudanças que ainda virão.

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