Uma das capas da ótima revista Vida Simples vem com o título acima. E a reportagem vem com a chamada: "Mudança de hábito - Por que, afinal, alterar os padrões do nosso comportamento pode ser tão desafiador?"
A reportagem começa indagando quem de nós não teria tentado mudar algum hábito ou fazer algo novo e não tenha encontrado dificuldade, devido a nossa tendência de repetir as mesmas coisas, o mesmo padrão.
Isso me lembra da psicanálise que fala que tendemos à repetição, mesmo do que seja desagradável, já que aquilo nos é familiar, parece mais fácil trilhar caminhas já conhecidos. Ao mesmo tempo, é possível que o desprazer que os mesmos caminhos podem nos trazer, também nos levem a buscar mudanças e se arriscar a sair do comodismo e vivenciar novas possibilidades de ser, de agir no mundo.
Mudar caminhos, mudar hábitos, podem nos trazer desconforto, nos impor que gastemos energia para dar conta da busca de outro rumo. A reportagem cita que nossos hábitos são padrões de comportamento que o cérebro associa, e a busca de alterá-los pode demandar um grande esforço. O cérebro tenderia a usar tal esforço para aprender coisas novas e não mudar o que já é conhecido.
O artigo complementa falando de nossa tendência de fazer muitas coisas sem refletir nela, como se ligássemos o "piloto automático". Para mudar o hábito, temos que assumir a direção, o que exige mais esforço, como já falamos, e nem sempre somos capazes de visualizar os benefícios. Como o novo pode também nos trazer insegurança, aí vamos nós de novo... voltamos aos velhos e maus hábitos.
O que poderia ajudar nesse processo então? Ter as emoções como aliada é citada como um importante fator para conseguir mudar velhos hábitos. Encontrar meios de se motivar, pensar firmemente no que é preciso mudar e qual seu plano para isso. Não adianta se propor metas gigantescas se não estipulamos pequenas mudanças, e as especificamos, que ao serem alcançadas nos deêmr um gás na motivação.
Uma das grandes dificuldades do mau hábito é que ele se torna uma caracteristica da personalidade, passa a fazer parte de sua identidade. Isso me lembra uma forte frase de Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." Mas sempre chega a hora de jogar a roupa fora para dar espaço a uma nova roupagem, não é mesmo?
É importante estar ciente de que o processo de mudança é difícil, para poder se conscientizar que a pessoa terá que trabalhar duro. A percepção de que aquela mudança é necessária para sua vida, de que aquele mau hábito atrapalha sua vida também pode ser de grande ganho.
Muitos reclamam que querem mudar, que gostariam de ser diferentes, mas no fundo não se convenceram de que desejam isso, de fato. Há hábitos que são mal vistos socialmente, mas se a pessoa no fundo não se convencer de que precisa mudar, não adianta nada. Tem que ser de dentro pra fora.
Assumir o controle, ficar consciente, assumir a vontade de mudar aquela situação específica que está incomodando. E aí, o que você deseja, de verdade, mudar?
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