sábado, 20 de fevereiro de 2010

Relações Familiares e Mudanças




Família. Todos nós nos constituímos no seio familiar. Quem somos, nossa personalidade, nossas escolhas, nossas fantasias, tudo isso parte do que vivenciamos em nossa família de origem, o que não significa que se limite a essas nossas vivências familiares iniciais. Podemos fazer parecido ou diferente que nossa família, mas muitas vezes o modelo (o que queremos ser também) ou anti-modelo (o que não queremos repetir da nossa história familiar) se convergem na mesma referência: nossa família.

Lacan dizia: "É da separação que surge o sujeito. É da separação que surge a vida." Para nascer, temos que nos separar da proteção que antes tínhamos no ventre materno. E quanto mais crescemos, mas sentimos necessidade desses momentos de diferenciação de nossa família, enquanto em outros precisamos beber de sua fontes de aconchego e proteção.

Afastamentos e aproximações. Podemos perceber que esse movimento constante pode estar guiando nossas relações familiares: o sair e o retornar ao seio familiar. Ora nos mantemos em estreita relação com nossa família, ora saímos e vemos outras formas de ser no mundo, outras possiblidades, outros modos de agir para além do modo de nossa família. Então, percebemos que o mundo é bem maior que o mundo familiar que vivenciamos. E que podemos escolher novos caminhos.


Em outras situações, sentimos anseio de retornar também à nossa família de origem, à tradição familiar, saber sobre as vivências de nossos antepassados até para entender nossas escolhas de agora e para reestabelecer a conexão perdida com nossa própria história. Só que não será da mesma forma. Já partimos e vimos o quanto o mundo é grande, já mudamos, já não somos os mesmos. Mas como é bom sentir que ainda temos essa família, que é nossa e sempre será, que podemos contar com ela, com seu amparo e carinho.

Fizemos escolhas diferentes das de nossos pais. Traçamos rumos diferentes para nossas vidas. Quebramos com tradições, mitos, repetições familiares. Fizemos coisas parecidas, e coisas diferentes também. Sentimos culpa, conquistamos realizações, alegrias, tropeçamos, caímos, levantamos, sofremos, sorrimos. Sempre em busca de mais, de conquistas, aventuras, desafios, VIDA.

E voltamos. E nos abraçamos. E somos cobrados, questionados, admirados, apoiados por nossa família. Afinal, a família age como um porto seguro em alguns momentos e em outros nos dá um empurrão para a vida, o que também nos obriga a crescer, a amadurecer, a mudar.

E nos atiramos ao novo. E formamos uma nova família. Que grande mudança. E lembramos da nossa. Repetimos situações desagradáveis que existiram em outrora em nossa família de origem, percebemos que temos que mudar isso. E mudamos. E amadurecemos. E tentamos ficar conscientes do que queremos fazer parecido e do que queremos mudar da saga familiar. O modelo e o anti-modelo. A nossa família.

Agora somos adultos também. E nossos pais não são mais aqueles heróis ou algozes de outrora - nos tempos de nossa querida infância. São apenas gente, falível e com qualidades como todo ser humano. E agora temos nossa outra família também, a família que formamos com nosso cônjuge, a família constituída. E sempre teremos nossa família de origem em nosso coração, e às vezes vamos precisar de seu apoio, de seus conselhos de família experiente. Só que agora temos que cuidar e nos dedicar à nossa nova família, esta que está sendo formada, que ainda está engatinhando e sonha em dar frutos.

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